O mais influente crítico literário do mundo analisa o modo como se tornou leitor e como a ficção é uma outra (estranha) forma de vida
Criado numa família profundamente religiosa, James Wood desde cedo se descobriu ateu. As perguntas que fazia sobre a vida e a morte eram desencorajadas. As únicas respostas que obtinha soavam‑lhe a esoterismos e mentiras. E deram‑lhe um pretexto para se tornar, também ele, «um mentiroso formidável, o melhor que conheço, praticante e crónico». A literatura permitiu‑lhe encontrar o escape para esses hábitos de dissimulação. Neste ensaio tocante sobre o sortilégio da leitura, um leitor apaixonado expõe o modo como a ficção pode aumentar‑nos e fazer de cada um nós observadores empenhados do mundo que nos rodeia.
A ficção é o espaço de liberdade onde se pode falar verdade a mentir. Um território de exílio voluntário, lugar de crença sem religião. Nela, o leitor faz suas vidas alheias que de outro modo não viveria. Multiplica‑se, porque as histórias produzem histórias.
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